sábado, 18 de agosto de 2012

Cpt. 1 - Como tudo começou

Quem me conhece sabe bem a paixão imensa que tenhos por animais. Mas este amor incompreendido pela maioria, incide mais particularmente nos gatos. Sejam meus, dos outros, grandes ou pequenos, domésticos ou selvagens, simplesmente adoro-os. Tudo me cativa neles: o olhar misterioso, o pêlo macio, a graciosidade com que caminham, ou o ronronar característico que me faz sorrir e suspirar.
Desde pequena que na minha casa sempre tivemos animais de estimação. Desde cães, periquitos, canários, rolas... mas nada fazia prever que após um contacto mais de perto com um gato siamês, ficasse tão apaixonada por felinos. De tal forma que adotei o Tonico. Ou melhor, depois de muito pedir aos meus pais e à vizinha que o tinha. Fiquei rendida aos seus grandes olhos azuis. A ansiedade de o ter para mim era enorme. Queira enchê-lo de carinho e mimos. Eu transbordava de felicidade! Não queria que lhe faltasse nada. Sempre atrás dele, com enorme preocupação. Queria-o sempe perto de mim. Percebo agora, que não lhe dei o espaço de que precisava. Acho que fui hiperprotetora. Tinha um medo enorme que fugisse e nunca mais voltasse para mim, ou que alguém lhe fizesse mal, porque na minha rua havia gente que envenenava os gatos que invadissem terreno alheio ou atacassem as capoeiras à procura de pintos. A sua personalidade era muito forte e vincada. E isso sempre me fascinou. Não gostava de muitos mimos - mas tinha os seus momentos carinhosos -  era muito independente, gostava muito de sair para o monte e apanhar pássaros no ar. Eu diria que era quase selvagem, e ficava deliciada com a sua capacidade de saltar no ar e manter a sua graciosidade de gato esguio siamês. Para mim, era o mais importante no mundo. Apesar de algumas vezes me ter ferrado e arranhado, nunca fui capaz de gostar menos dele. Eu tentava compreendê-lo, pois sabia que o seu comportamento tinha que ter explicação. Eu era tão miúda... Que poderia eu saber sobre essas coisas? A pessoa a quem adotei o Tonico, queria os animais apenas para dizer que os tinha. Só lhes dava comida e estava sempre a enxotá-los com gestos rudes e agressivos. Estaria descoberta a razão. A violência que tiveram para com ele desde pequeno tinha moldado a sua opinião sobre os humanos. Como poderia eu censurá-lo pelas suas investidas às minhas mãos e pés? Queria muito ajudá-lo e fazê-lo perceber que podia confiar em mim, e que eu era incapaz de lhe fazer mal e que que nunca iria desistir dele. Nunca compreendi o porquê de as pessoas maltratarem os animais, e o Tonico que entretanto desapareceu, provavelmente nunca iria entender o quanto eu gostava dele e lhe queria bem. E foi assim que o gato dos grandes olhos azuis marcou a minha vida e a transformou para sempre. Desde então que tento ajudar dentro do possível animais em dificuldades. Não posso ficar com todos, mas posso tentar amenizar as contrariedades das suas vidas. E isso faz-me feliz.
imagem meramente ilustrativa